Tiranossauro rex


Sem sombra de dúvidas, o Tiranossauro rex (Tyrannosaurus rex) é um dos mais conhecidos e famosos dinossauros. Único conhecido do seu gênero, o T. rex foi um dos maiores e mais temidos carnívoros de todos os tempos, são poucos os esqueletos coletados da espécie (cerca de 15), sendo o primeiro descoberto pelo curador do Museu Americano de História Natural, Barnum Brown. 
Em 1902, Barnum Brown, na época um curador assistente do departamento de paleontologia vertebrada no Museu Americano de História Natural, escavou o primero esqueleto parcial de um Tiranossauro rex na Formação Hell Creek, Montana. Nos próximos anos, ele e seu time de campo (imagem - Barnum no centro) encontraram outros espécimes no Oeste.

Com comprimento e altura corporal que podiam ultrapassar os 12 metros e 4 metros, respectivamente, e peso entre 5 e 7 toneladas, esse era um predador que você não iria gostar de ver pela frente. Suas características mais marcantes eram sua grande cabeça, grandes e afiados dentes, e pequenos braços. Pertencia ao grupo não-aviário dos terópodes, este o qual deu origem às aves.

Baseado nos dentes fossilizados encontrados, estes os quais eram afiados e serrados, acredita-se que não mastigava sua comida e, sim, engolia pedaços inteiros (talvez tão massivos quanto 230 kg), quebrando os ossos ali presentes. Em adição a isso, uma junção encontrada na mandíbula inferior provavelmente ajudava ele a absorver os impactos de choque de presas que se debatiam quando capturadas. Sua enorme cabeça (cerca de 1,5 metros) gerava poderosas mordidas - com força entre 13520 e 14335 N em um único dente, segundo estudos recentes (Ref.9) - e o seu forte pescoço o ajudava a arrancar os pedaços de carne da carcaça das suas presas.

Em relação à sua velocidade de corrida, não existe ainda um consenso entre os pesquisadores, mas analisando registros fósseis de pegadas, extrapola-se que os T. rex eram corredores lentos, desenvolvendo velocidades em torno de 16 km/h, algo que se aproxima da média de um corredor profissional humano. Quando primeiro foi analisado, seu esqueleto - especialmente as longas e poderosas pernas - sugeriam um animal que poderia ultrapassar velocidades de 70 km/h. Mas, depois, pesquisas de biomecânica, considerando peso, altura e estrutura óssea, concluíram que o T. rex era bem lento e talvez nem mesmo conseguia correr, no máximo andar rápido. Porém, pesquisas recentes começaram a sugerir que os dinossauros possuíam sangue entre frio e quente - "morno" - o que pode ser traduzido em uma maior capacidade de manter boas velocidades. Unindo todos os trabalhos científicos até o momento, assume-se que esses animais provavelmente corriam, mas com velocidades que não ultrapassavam muito os 16 km/h.
Lentos ou rápidos na corrida?

Outra controvérsia em relação ao T. rex é a já longa discussão sobre a presença ou não de penas em seu corpo. Ao contrário de diversas outras espécies de dinossauros terópodes, que claramente tinham penas por todo o corpo, existem poucas evidências para garantir que o T.rex também as tinham. Um estudo recente, publicado no Biology Letter (Ref.3), concluiu que ele não tinha penas como os seus parentes. O grupo de pesquisa, liderado pelo Dr. Phill Bell, da Universidade de New England, Austrália, analisou impressões fósseis de pele da espécie encontradas em Montana e também outros parentes que viveram no período final do Cretáceo na Ásia e partes da América do Norte, incluindo o Albbertosaurus e o Gorgosaurus. No final, os pesquisadores concluíram que o Tiranossauro rex parece ter tido escamas, como os répteis modernos, não uma plumagem pelo corpo inteiro. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo novo estudo, o T.rex era muito grande para precisar de uma cobertura penosa com o objetivo de dificultar a perda de calor para o meio ao redor, portanto os novos achados fariam sentido. Mas outros pesquisadores são mais céticos. Para esses últimos, o T.rex poderia apenas ter menos penas do que o normal, assim como ocorre com os elefantes: os asiáticos, por serem menores e viverem em áreas florestais, são bem mais ´cabeludos´ do que os seus grandes parentes africanos, estes muito grandes e vivendo em áreas mais quentes.
Pele encontrada de um T. rex, fossilizada 

Cobertos de penas?

Em relação à sua expectativa de vida, os cientistas estimam que esses animais chegavam a um máximo de idade em torno dos 30 anos, a partir da análise de anéis encontrados em seus ossos fossilizados - assim como em troncos de árvores, às vezes anéis (figura abaixo) marcam períodos próximos de 1 ano ao longo do crescimento ósseo do animal. No T.rex, em específico, parece que seu crescimento era acelerado na adolescência - alcançando o tamanho adulto entre os 14 e 18 anos - e acabava morrendo jovem. 
Anéis de crescimento presentes na amostra óssea de um T. rex

Habitando o Oeste da América do Norte - fósseis foram encontrados em Estados como Montana e a Dakota do Sul e também em Alberta, Canadá -, os Tiranossauros rex viveram durante o final do período do Cretáceo , entre cerca de 100 e 65,5 milhões de anos atrás.


SUE é o esqueleto do mais bem preservado T. rex já encontrado (90% da constituição óssea conservada) e escavado próximo da cidade de Faith, Dakota do Sul. Está em exibição permanente no Museu de Campo de História Natural, em Chicago, Illinois

Descoberto em 2013, Trix é o esqueleto de T. rex mais velho já encontrado, com idade superior a 30 anos. Está em exposição no Centro Naturalis de Biodiversidade, em Leiden, Holanda



(1) Para saber mais: Dinossauros de sangue morno?


ATUALIZAÇÃO (09/07/17): Usando a técnica de Kinect Scan, pesquisadores jogaram por terra as duas prévias hipóteses sobre os misteriosos buracos nos ossos da mandíbula do crânio de SUE. Pelas hipóteses anteriores, ou os buracos foram feitos pela mordida de um dinossauro competidor ou eram frutos de uma infecção por protozoários providos da carne de uma presa contaminada. Mas os padrões irregulares encontrados e outros aspectos dos buracos obtidos do novo escaneamento não corroboram essas hipóteses. Mais pesquisas serão necessárias para decifrar o mistério. (Ref.10)

ATUALIZAÇÃO (23/10/17): Um novo fóssil de tiranossauro foi descoberto na região sul de Utah, EUA, e entregue ao Museu de História Natural de Utah, onde será melhor revelado, preparado e estudado. O fóssil é de aproximadamente 76 milhões de anos atrás e provavelmente representa a espécie Teratophoneus curriei. Essa espécie caminhou pela América do Norte entre 66 e 90 milhões de anos atrás, durante o Período Cretáceo Superior. Com, no mínimo, 75% dos seus ossos preservados, este é o mais completo esqueleto de um tiranossauro já descoberto no sul do território norte-americano (Ref.12).



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Referências
1. http://www.amnh.org/dinosaurs/tyrannosaurus-rex
2. http://www.amnh.org/exhibitions/dinosaurs-ancient-fossils-new-discoveries/theropod-biomechanics/the-problem-of-size
3. http://rsbl.royalsocietypublishing.org/
4. https://www.fieldmuseum.org/at-the-field/exhibitions/sue-t-rex
5. http://www.nms.ac.uk/explore/stories/natural-world/tyrannosaurus-rex/ 
6. https://t-rex.naturalis.nl/default.aspx
7. http://www.fasebj.org/content/31/1_Supplement/251.1.short
8. http://faculty.montgomerycollege.edu/gyouth/FP_examples/student_examples/yang_lin/intro.html
9. 5th Annual Meeting Canadian Society of Vertebrate Palaeontology,2017
10.http://news.mit.edu/2017/kinect-3-d-scan-t-rex-skull-0705
11. https://unews.utah.edu/newly-discovered-tyrannosaur-fossil-represents-the-most-complete-found-in-the-southwestern-u-s/

Peso´, neste artigo, está se referindo ao uso popular da palavra, ou seja, para indicar a ´massa´ do corpos aqui na Terra (já que a variação da força-peso na superfície do nosso planeta é bem pequena) 



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